E eu pensei que você tinha arruinado tudo quando sonhei que era inverno. Irias para o inferno e num instante me vias em ruínas ao teu lado, a renascer e morrer das mesmas pedras foscas e oníricas com que hibernei em teus olhos a um passo da forca. Como que me fizestes eterno em teu pescoço, em teus braços e pulsos e silêncios. E a guirlanda de flores se desfaz ao tempo em que acordas, teu grito abafado pelo sussurro das folhas que caem de todos os lados e da corda que balanças no freixo em mudo solilóquio. A minha chuva escorre por entre as tuas árvores seminuas, Tempestade. Mas agora entendo, sim, eu lhe entendo. Disseram-me que terias de ser forte, que deverias se apegar ao plano de todos os planos pois Cronos não esqueceria de ti. Mas vez ou outra fica frio aqui dentro e você sabe que eu tentei, sim, que você tentou e que dois lados de um mesmo espelho não se tocam nem se aquecem não importa a estação. E eu pensei que tudo estava certo e que memórias eram apenas adornos que você vestia ou deixava de lado nos teus dias mais carregados, mas talvez nossas nuvens nunca tenham sido exatamente assim. Respiras então a estática dos teus dias infinitos, tragas o universo em teus pequenos pulmões, desabafa e descarrega os teus olhos, os teus sonhos, as tuas elétricas esperanças de pirilampos evanescentes. Sonhas comigo pois, e eu te levarei para um lugar além de quaisquer brumas, espelhos ou estações.
Fagócitos e Leucócitos Musicais
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
domingo, 30 de outubro de 2011
Houses of Holy
Me faz te levar ao cinema. Me deixa te sequestrar pra esse show.
Por que tu não me faz querer mais que essa sinceridade plástica,
De flor que não murcha?
Das casas de santo não murmuram esses espíritos?
Da tua boca de batom e Satanás, nêga-fia, que você sabe melhor do que eu.
Tem bem mais que um diabo de asas no meu ombro
E guardo uma navalha de crônicas na canela.
Me faz querer te seduzir e consumir, nêga, que é esse o teu melhor.
E esse mundo gira-gira que nos devora em letargia. Te sentes tonta?
Pois deixa esse toque te dominar e ouve meu chamado,
Humana-e-Satanás.
Que lágrimas não vão te levar além de grades de loucura,
E mais te dói as mentiras que a terrena solidão.
Então, me faz te levar ao cinema, te sequestrar pra esse show.
Me faz te querer mais que qualquer coisa plástica, Flor!
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